Karlheinz Brandeburg, o pai do Mp3

Karlheinz

Em palestra na AES Brasil Expo 2015, Karlheinz Brandenburg contou um pouco da história do desenvolvimento da compressão de formato de áudio e desafiou os adoradoras da alta-fidelidade.

Considerada uma das sessões de destaque da AES Brasil Expo 2015, a palestra “Passado, Presente e Futuro dos Codificadores Perceptuais de Áudio”, ministrada pelo Dr. Karlheinz Brandenburg, foi recebida por uma sala cheia durante o terceiro dia de evento. Durante a apresentação, o cientista alemão apresentou um histórico de seu trabalho que se confunde com a trajetória da revolução digital do áudio.

Dono de um humor presente e um sotaque bastante arrastado, Dr. Karlheinz Brandenburg é um dos mais proeminentes cientistas da área do áudio profissional, contando com três doutorados honorários e diversas premiações. Para sua participação na 19ª Convenção da Audio Engineering Society, o pesquisador abordou os mistérios científicos por trás do trabalho de sua vida que culminou na criação do MP3 e demais formatos de áudio digital compactos.

No começo da sessão, Brandenburg defendeu seu trabalho levantando um pouco do que batizou dos “mitos do áudio de alta qualidade”. “Muitas vezes ouvimos um novo sistema da moda que promete tornar o áudio extremamente superior, mas esquecemos que grande parte do áudio é processado já dentro do cérebro, depois dos ouvidos, e dai até mesmo o efeito psicológico de ter gasto dinheiro em um equipamento melhor, vai fazer você ouvir mais”, explicou.

Em seguida o palestrante trouxe as bases científicas de seus primeiros projetos para a criação do que seria a compressão MP3. “Quando me chamaram para trabalhar nisso, não imaginei que ia dar no que deu. Achei que ia ser o suficiente para terminar o PHD e estava ótimo”, brinca. Seguindo a linha do tempo, Brandenburg apresentou também os algoritmos das evoluções do áudio de alta qualidade em baixo bitrate, o AAC usado em serviços como o iTunes, o HE AAC, ainda menor e focado para serviços de streaming de música e o MPEG-H, que traz o áudio imersivo e compacto.

Para finalizar, e de certa forma legitimar, sua apresentação, Brandenburg realizou uma brincadeira com a platéia. O pesquisador tocou três diferentes amostras de áudio (um solo de trompete, um discurso e uma canção do grupo Abba), cada qual quatro vezes, sendo a primeira gravação original sem compressão, e as outras três vezes restantes “às cegas”, para que o público adivinhasse se estava comprimido ou não.

O resultado, como era de se esperar, foi que ninguém conseguiu dizer 100% das vezes se se tratava do áudio original ou comprimido. “Claro, estamos numa sala de palestra, com sistemas posicionados para fala, ruído do ar condicionado e alguma reverberação. Não é audição crítica, é audição informal. E para audição informal, que se trata de 99% das vezes que alguém ouve música, o  formato comprimido basta”, concluiu.

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